sábado, fevereiro 03, 2018

Viva: a vida é uma festa

Dante, o cão da ancestral raça Xoloitzcuintle que adora acompanhar Miguel, e Héctor, uma figura folclórica do mundo dos mortos, que vai ajudar Miguel a se aproximar de Ernesto de La Cruz.

Como tem sido tradicional no meio da animação, Vida, a vida é uma festa é codirigido por um experiente diretor de animação e um, digamos, novato. O experiente seria Lee Unkrich, nascido em 1967, cujo Toy Story 3 venceu o Oscar de Melhor Animação sete anos atrás. O novato é Adrian Molina, nascido em 1985, que também é coautor do bem elaborado roteiro de Coco.

Sim, por incrível que pareça, Coco é o título original. Trata-se de um daqueles dilemas tradutórios solúvel apenas pela pragmática inspiração dos distribuidores em uma reunião em que provavelmente o tradutor nem estava presente. Foi assim também que Shane deve ter virado Os brutos também amam. É uma tradição aqui no Brasil. Sempre que uma situação aponta para um problema de estranhamento linguístico, pesa o lado comercial, e inventa-se um nome novo ou copia-se a tradução do título para outro país.


De acordo com um artigo do Buzzfeed, este foi o motivo da mudança do título brasileiro. A matéria não leva em conta que no Brasil a palavra Coco não tem circunflexo no segundo "o". Além disso, o nome da personagem Coco no Brasil não é Lupita, e sim Inês.


Sinceramente, na minha opinião, tanto Coco quanto Shane tiveram seus títulos melhorados no Brasil. No caso de Coco, absolutamente não funcionaria deixar como título o nome da personagem, no caso, a nonagenária que quando menina viu o pai abandonar a família para se tornar um músico de sucesso. A mãe dela, então, começou a fabricar sapatos para sobreviver. E a música foi abolida naquela casa. 

Algumas gerações depois, Miguel, menino de 12 anos, enfrenta esse dilema de ser apaixonado por música no seio dessa família que simplesmente erradicou toda e qualquer manifestação musical em seus componentes. 

Ele se rebela contra a família e decide se apresentar no show de talentos na praça da cidade, justamente no Dia dos Mortos. Mas ele vai precisar de um violão novo...


A econômica sessão das 14h estava com meia lotação, e, comparando-se com a sessão de O touro Ferdinando, posso afirmar sem medo de errar: Viva é uma animação "menos infantil" e que exige mais do público.

Senão, vejamos: o filme sobre o herói bovino provocou muitas risadas e gargalhadas no público infantil, enquanto Viva resultou em apenas tímidas risadinhas em momentos muito específicos. Também uma menina reclamou e pediu para ir embora, pois estava com medo dos personagens (de uma altura em diante, os mortos, representados como esqueletos de crânios muito personalizados, têm participação importante na trama).

Qual filme ganhará o Oscar de Melhor Animação? Os dois favoritos abordam temas universais e relevantes. A ênfase de Viva é a importância da família, de seguir o coração. O trunfo de O touro Ferdinando é a questão da diversidade, do respeito às individualidades. Seja a ser quase inacreditável, mas o livro de Munro Leaf foi considerado perigoso em alguns países, subversivo e não educativo para as crianças. Eu torço para o brasileiro Carlos Saldanha, mas vai ser difícil para O touro Ferdinando superar os animados acordes de Viva.



Um comentário:

  1. Uma história com um objetivo forte, um discurso poderoso, pode ser aliada a um esqueleto comum sem perder o encanto, ainda mais quando trabalha alguns elementos cruciais, como personagens, apego emocional, envolvimento dramático, a simples e velha boa comédia, universo rico de detalhes, entre outras características. Amei este filme para crianças, O que Será de Nozes é um dos melhores filmes de animação filme muito divertido e obviamente como a maioria dos filmes animados tem uma mensagem muito linda, não se sei se você teve chance de ver, juro que vale muito a pena ver, por que apesar de que é uma historia feita completamente para crianças, sente que esta muito bem adequada para que qualquer membro da família possa ver e ficar encantado com a história.

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