sábado, novembro 27, 2010

Você vai conhecer o homem de seus sonhos


Helena (Gemma Jones), depois de um longo casamento, é abandonada pelo marido Alfie (Anthony Hopkins), que compra um loft, um carro esporte e uma caixa de viagra. Helena busca orientação espiritual com a vidente Cristal (Pauline Collins). A filha de Helena e Alfie, Sally (Naomy Watts), tem pouco tempo para ajudar a mãe a superar a situação, afinal já tem bastante preocupações com o marido Roy (Josh Brolin), um escritor que emplacou o primeiro livro mas depois disso perdeu a mão e a confiança em si. Sally deseja formar uma família (leia-se, ter filhos), mas Roy insiste que ela continue tomando anticoncepcionais até que a coisa melhore. In the meantime, Sally tem que procurar um emprego. Para isso, usa seu invejável currículo (graduação em História da Arte) e consegue entrar numa galeria conceituada, como assessora principal do chefe (leia-se, secretária). Até aí tudo bem, pois o chefe Greg é interpretado por ninguém menos que Antonio Banderas. In the meantime (são muitas tramas paralelas), Alfie apresenta à filha Sally sua noiva, a loiraça Charmaine (Lucy Punch), enquanto Roy, inspirado pela musa e musicista de etnia indiana Dia (Freida Pinto) que acaba de se mudar para o bloco de apartamentos da frente, termina enfim o novo livro e envia à editora para ver se ele será aprovado para publicação. Esse parágrafo aí de cima é a "sinopse" da trama ou do enredo do mais recente filme do cineasta Woody Allen, um dos preferidos de minha querida mãe (mas, confesso, ele dificilmente me empolga) (mas, confesso, este filme quase chegou a me empolgar). O filme se passa em Londres, e o humor que permeia as cenas, por incrível que pareça, também tem um certo sotaque britânico. Sem querer comparar Woody Allen com Shakespeare, mas as personagens woodyallenianas são humanas, demasiado humanas. Patéticas. Ridículas no que há mais de ridículo na natureza humana, e, ao mesmo tempo, tão triviais. Como já fiz questão de frisar, não sou especialista em Woody Allen, não consigo tecer comparações do tipo "ele está cada vez melhor", nem afirmações bombásticas como "o melhor filme dele dos últimos anos". Se tem obra de um diretor na qual sou fraco, fraquinho, essa obra é de Woody Allen. Apesar desse afastamento instintivo, sou obrigado a reconhecer que You will meet a dark tall stranger (Você vai conhecer o homem de seus sonhos, 2010) tem uma qualidade rara, um humor soturno e irônico, beirando o humor negro, que o torna um entretenimento de qualidade.
Numa era em que a moda é criticar tradutores de modo leviano (até mesmo tradutores criticando seus pares, numa total falta de ética), quero aqui fazer um elogio público: o tradutor ou tradutora que legendou este filme teve excelentes soluções tradutórias.

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