domingo, outubro 25, 2015

Pai, você é...

Meu pai está de aniversário no dia de Halloween.

Dedico esta resenha multimídia a ele.

RESENHA DE O PAPAI É POP


Pai, você é...
Henrique Guerra
 Como resenhar O papai é pop? Tarefa tão complexa quanto trocar fralda no banheiro de avião com um pouquinho de turbulência. Não deve ser uma resenha longa, pois o livro é daqueles rápidos (mas não rasteiros). Não deve ser também muito formal, afinal de contas, estamos falando de textos bem-humorados e (aparentemente) leves. Parece inevitável, então, resenhar O papai é pop sem delongas e sem muitas formalidades.
Nem me considero o público-alvo da obra. Tá certo: no Dia dos Pais, ganhei o livro de presente de uma ouvinte do programa de rádio Pretinho Básico, uma recém-balzaquiana que ao ler as crônicas do livro escuta a voz do autor, como se o Piangers estivesse narrando. A mesma mulher, diga-se de passagem, que me tornou pai, mas devo reconhecer que ler crônicas não é considerado algo típico de um pai de família. Papais tradicionais deveriam estar lendo algo mais denso e informativo, não algo que tenha certo efeito catártico, que provoque risos e talvez algumas lágrimas, que descreva (com detalhes, às vezes, escatológicos) momentos de ternura em família, angústias paternas e flagrantes em hotéis mexicanos.
É inevitável constatar: o público-alvo é feminino. Afinal de contas, os personagens do livro são, em essência, quatro mulheres. A mãe, a esposa e, é claro, as duas filhas. Com um olhar de contínua admiração e absoluta surpresa, o autor transita nesse universo feminino relatando cenas do cotidiano, meandros da inter-relação de um homem sempre estupefato com a evolução e a extrema articulação desses seres imprevisíveis.
Chega a indefectível hora de destacar crônicas e trechos marcantes... Para isso, o calejado resenhista pega a obra, vai folheando e fazendo citações. Mas, puxa vida, nem sou um resenhista tão calejado tampouco estou com o livro aqui e agora. E além do mais, cada um dos textos suscita múltiplas sensações, não só o que fala da culpa por viajar sem os filhos, não só o que desnuda as agruras do período de adaptação, não só o que conta o martírio que é enfrentar a teimosia da prole no shopping, não só o que narra a emoção de rever filmes marcantes em companhia da filha, não só o que registra o momento crucial em que a mãe desistiu de fazer o aborto que impediria o nascimento de um papai escritor.
A propósito, esse drama familiar é um subtema (ou subtexto?) da obra, algo que vai permeando cada entrelinha e cada página, sem neuras, mas também sem tapar o sol com a peneira. Esse detalhe dá ao livro um estofo inusitado, espécie de “pano para manga”, e o leitor se torna solidário a ponto de ficar imaginando: em algum lugar do planeta, o pai do autor não sentirá uma ponta de orgulho do filho que não ajudou a criar? Não pensará em tentar uma aproximação? Afinal, não raro a ternura chega com uma geração de atraso, e papais distantes tornam-se avôs atenciosos.
Pais e mães modernos têm a oportunidade, durante a leitura de O papai é pop, de comparar, reavaliar, meditar, questionar e, simplesmente, se identificar. Sim, não há nada mais recompensador do que andar de bicicleta em família e ser surpreendido por um comentário perspicaz da(o) filha(o). E se você é um papai que passeia de bike com os filhos e ainda por cima lê O papai é pop, então, como diz meu caçula, entoando um refrão que aprendeu na escola: “Você é o cara!”.

INTERTEXTO COM STAR WARS
 Aproveitando a deixa do livro do Piangers, numa das crônicas ele conta que assistiu ao filme O Império contra-ataca em companhia da filha. A cena que ele menciona é nada menos que uma das mais inesquecíveis da história do cinema. Na conclusão desta resenha múltipla, o leitor terá à disposição alguns links para conferir a referida cena.
 Já que estamos aquecendo as turbinas para conferir em breve o Episódio VII, também resolvi rever a franquia, agora em companhia do filho de oito anos. A primeira dúvida: por onde começar? Episódio I ou Episódio IV? Falou mais alto a relevância em termos de cinema e também a curiosidade por rever cenas clássicas. Então, aí vai a resenha de Guerra nas estrelas, que hoje virou
                          Episódio IV - Uma nova esperança
 Citada na obra "O livro perigoso para garotos" entre os filmes que todo garoto deveria ver, a saga de Star Wars inicia aqui, em 1977. O roteiro enxuto e sem firulas de George Lucas funciona às mil maravilhas: apresenta os principais personagens deste universo (C3P0, R2D2, Princesa Leia, Darth Vader, Luke Skywalker, Obi Wan Kenobi Alec Guinness dublado com a voz clássica do hoje octogenário ator e dublador Isaac Bardavid, ainda na ativa –, Han Solo e Chewbacca), delineia os aspectos essenciais que governam a mitologia starwariana, explica o que é a Força, insere terminologias (Jedi, hiperespaço), tudo isso sem perder de vista a ação e a cadência da história.
À parte a excelência do roteiro, outro fator que garantiu o sucesso foram os efeitos especiais: não foram poupados esforços para tornar verossímil toda essa ficção, embora sob os parâmetros atuais alguns efeitos pareçam toscos (vide os disparos das 'blasters' ou armas de plasma). Até nas lâminas dos sabres de luz  se nota uma evolução rápida entre os filmes de 1977 e 1980, por exemplo. Mas esses detalhes fazem parte do charme de rever Guerra nas estrelas (ou Episódio IV - Uma nova esperança, como queiram): notar como tudo continua tão significativo, embora a estética tenha elementos que hoje possam soar um pouco "kitsch", como a representação dos aliens na superclássica cena em que Obi Wan Kenobi, Luke, Han Solo e Chewbacca entram no bar. Mas as batalhas entre caças estelares garantiram ao filme o Oscar de Melhores Efeitos Visuais.
Outra coisa que salta aos olhos é o combate entre Darth Vader e Obi Wan Kenobi. A coreografia da luta parece bastante minimalista para os padrões de hoje. Mas enfim o que interessava ali eram mais os diálogos e não a violência ou o malabarismo dos golpes.
Por fim, a música de John Williams não pode deixar de ser lembrada, afinal é reproduzida em múltiplas mídias, inclusive em jogos infantis do Club Penguin, e reconhecida por gente de várias gerações.
Em suma, a experiência de revisitar o filme lançado em 1977 com o título de Star Wars é extremamente recompensadora para qualquer cinéfilo que se preze, ainda mais se ele estiver acompanhado de seu curioso e arguto filho, tecendo comentários que nunca lhe haviam passado pela cabeça.
Subtema da sub-resenha
* A TRADUÇÃO EM STAR WARS *
Sobre os aspectos específicos do roteiro, vou puxar a brasa para o meu assado. Um dos pontos que vale a pena citar é a importância da tradução na trama. O robô C3PO só é adquirido por Obi Wan Kenobi porque é um bom tradutor. Falando em tradução, assisti ao filme dublado (para o filho acompanhar sem precisar ler a legenda) e com as legendas em inglês ligadas (para ir admirando a objetividade do roteiro e a sempre elogiável qualidade das dublagens brasileiras). Numa hora, porém, a 'piada' se perdeu na tradução da dublagem. Num diálogo entre Jabba e Han Solo, o personagem de Harrison Ford diz ao alienígena sarcasticamente que ele é um "wonderful human being".
LINKS + 2 LIVROS QUE AINDA NÃO LI 
O.k. Voltando ao livro do Piangers. Ele conta na crônica que tentava explicar à filha o lance familiar entre o Dark Lord of the Sith Vader e o Luke Skywalker. Para ilustrar esta resenha, então, dois links.
Este tem a sequência da famosa cena do duelo entre os dois:
Este traz a revelação mais bombástica do cinema em várias línguas:
E conforme prometido, as capas de dois livrinhos curiosos que ainda não li, mas pretendo em breve ter o prazer de fazê-lo:

 
 
 

CONCERTO DUO E CONCERTO DE CÂMARA EM CARAZINHO

 Carazinho não tem cinema, mas tem música!

Dia 16 de outubro, duo de flauta e cravo.
A plateia presente na igreja treinou seus ouvidos com acordes bachianos.
O duo, que começou a se formar com ensaios há seis anos, abriu os trabalhos com uma sonata em que mostrou todo o entrosamento. Em seguida, cada musicista tocou uma peça solo, para depois se reunirem novamente (ver programa abaixo).
Com sua flauta especial, Leonardo Winter mostrou sua técnica apuradíssima, entoando peças que, reza a lenda, Bach compôs para um flautista virtuose da época. Por sua vez, Fernando Cordella dedilhou as hipnotizantes harmonias setecentistas com seu estilo inconfundível, ora aprumado, ora curvado delicadamente sobre as teclas de seu cravo. Como sempre, também, teceu enriquecedores comentários sobre a contextualização das obras, inclusive o fato de que o príncipe encomendou as sonatas porque sofria de insônia. Em suma, talento de nível mundial em pleno planalto rio-grandense.


Dia 17 de outubro, Concerto de Câmara com OSINCA e Orquestra Jovem da Academia de Música

Alunos que se tornam professores e formam novos alunos num ciclo virtuoso. Essa frase pode resumir a emoção que pulsou na Capela São José Operário durante as apresentações exaustivamente ensaiadas, que incluíram momentos solo de alunos destaque da Orquestra Jovem, mesclados com peças tocadas pelos já tarimbados componentes da Osinca.

O programa, que incluiu, entre outros, Beethoven, Bach, Christina Rossetti (A Thousand Years, trilha da saga Crepúsculo) e Heinrich Franz von Biber, culminou com um trecho da trilha sonora do filme Piratas do Caribe - a maldição do Pérola Negra, o primeiro da franquia cinematográfica.

Confira no vídeo abaixo a parte final da apresentação:

https://www.facebook.com/vivian.nolasco.5/videos/931965940211778/

O compositor Klaus Badelt (que já fez a trilha de muitos e muitos filmes, vide http://klausbadelt.com/) com certeza aprovaria!

segunda-feira, outubro 12, 2015

Jurassic World - o mundo dos dinossauros

De volta em grande estilo ao mundo dos dinossauros! Para quem gosta de um blockbuster daqueles bem vertiginosos, para usar um adjetivo ultimamente em voga neste blog, você escolheu o filme certo! É o protótipo do cinemão para as massas com a máxima qualidade que só Hollywood alcança nesse quesito. Ame ou odeie, mas não diga que o roteiro não tem coisas bem legais (e para não perder o hábito, muitos furos também). Entre as coisas legais estão os diálogos espirituosos entre Claire e Owen, o caliente casalzinho aí em cima, que se alfinetam até não poder mais. Quem desdenha, quer comprar, e basta assistir ao filme para ver de que modo toda essa marra entre as personagens de Bryce Dallas Howard e Chris Pratt vai acabar. Outros detalhes bacanas são as inúmeras citações dos filmes anteriores da franquia e a relação fraterna entre Zach e Gray, irmãos cujos pais estão se separando e, por isso, são enviados para ficar com a tia no parque Jurassic World, na Costa Rica.
Só que a tia Claire anda muito ocupada e sem tempo para ciceronear os guris, que acabam numa enrascada. Menção honrosa do elenco vai para Omar Sy, vencedor do César de Melhor Ator no filme Intocáveis, de 2011.
Entre os furos do roteiro, é difícil citá-los sem cometer SPOILER, mas basta comentar que são furos do tipo "ah, mas se fosse assim, então assado", o tipo de lapso que se não ocorresse, não teria filme. Coisas que também tinham nos primeiros filmes da franquia, aliás. Diga-se de passagem, antes de levar o primogênito ao cinema, fizemos o "dever de casa", ou seja, uma imersão familiar nos três primeiros da série, os dois dirigidos pela lenda viva Steven Spielberg e o terceiro por Joe Johnston. Assim, o garoto chegou ao cinema Arcoplex de Passo Fundo no dia 11 de outubro com todas as informações necessárias para apreciar, ao lado do primo passo-fundense, o quarto filme, primorosamente dirigido pelo desconhecido Colin Trevorrow, que só tinha realizado o independente Sem segurança nenhuma (Safety not Guaranteed, 2012). O fato de um filme que estreou em junho estar voltando ao cartaz já diz muita coisa sobre o sucesso comercial dele.
Boa ideia da Arcoplex. Permitiu que os retardatários assistissem ao filme no local mais indicado: na sala de cinema! Os primos curtiram bastante o filme, que tem um efeito colateral significativo para as crianças: serve para aguçar o interesse pela ciência.
Aproveitando a deixa do primeiro filme do Colin Trevorrow: no Jurassic World, a segurança não é garantida, mas a diversão é!
 

domingo, outubro 11, 2015

Hotel Transilvânia 2

O moscovita Genndy Tartakovsky tem uma trajetória curiosa no mundo da animação. Veio da Rússia aos 7 anos para viver o American way of life, mas sempre se sentiu um estranho no ninho. Só começou a se livrar da sensação de ser um estrangeiro quando passou a estudar animação e cinema, e logo se enturmou com almas gêmeas do ramo. Na faculdade criou um filme que se tornaria a inspiração para o futuro desenho animado O laboratório de Dexter, produzido pela Hanna Barbera para o Cartoon Network, na qual atuou como roteirista e diretor de 1996 a 1999. Depois disso, colocou no currículo a participação em outras franquias/séries animadas produzidas para a televisão, como Meninas Superpoderosas e Star Wars: Guerras Clônicas. O salto na carreira da tevê para o cinema aconteceu primordialmente com Hotel Transilvânia (vide o post http://olharcinefilo.blogspot.com.br/2012/10/hotel-transilvania.html), que conquistou muitos fãs mundo afora.
Fãs que fielmente compareceram em massa para conferir a continuação, cuja sinopse seria: Drac, no primeiro filme, o pai superprotetor de Mavis, agora se torna um avô obcecado em fazer do neto Denis um monstro e corre contra o tempo, pois os  caninos de vampiro precisam aparecer até o guri completar 5 anos; para isso, o vovô aproveita um fim de semana para tentar levar o neto para "o bom caminho", com a ajuda da horri(deso)pilante trupe Múmia, Homem Invisível, Lobisomem, Frank e a bolha verde Blobby.
Não vou aqui fazer comparações entre os dois filmes, mesmo porque, quase sempre, o segundo traz menos novidades e precisa superar um padrão já estabelecido. O fato é que algumas ideias fazem de Hotel Transilvânia 2 um filme que se sustenta por si só. Essas ideias incluem a mania com a interatividade e com a instantaneidade (postagem de selfies e vídeos na internet), a insensibilidade das novas gerações com os monstros, ou, em outras palavras, a baixa "assustabilidade" que os monstros clássicos desfrutam atualmente. Outro trunfo do filme é a inclusão do rabugento Vlad, o pai de Drac (dublado em inglês por Mel Brooks). A partir da entrada do bisavô, Hotel Transilvânia 2 aproveita a deixa para abordar, de forma bem-humorada, complexas relações familiares, expectativas quanto a netos e bisnetos, e como, às vezes, os pais ficam meio anestesiados e "de mãos atadas" em meio à tanta ansiedade.

Era uma vez na Anatólia

Certas sessões se tornam emblemáticas para um cinéfilo por uma conjunção de fatores. Sem dúvida, entre minhas experiências cinematográficas de 2015, o filme do turco Nuri Bilge Ceylan se insere nessa categoria. E quais fatores seriam esses?



1. Sessão do Clube de Cinema
Ando meio afastado da capital e só de vez em quando tenho a oportunidade de marcar presença. Temos a tendência de valorizar mais tudo aquilo que obtemos com um pouco mais de dificuldade. As sessões do clube sempre têm uma aura especial, são cinéfilos até o tutano dos ossos reunidos num horário diferenciado, com o objetivo único de mostrar seu amor pelo cinema, em suas distintas manifestações. Apesar da relativa distância, sempre que posso, compareço, e tenho tido a sorte de comparecer justamente em fins de semana com sessões bastante significativas.

2. A volta do Cine Capitólio
O reencontro com uma sala charmosa, anos após ter sido fechada para o público, traz, por si só, um fator emocional forte para quem gosta de cinema. O apuro com que tudo foi restaurado, a mescla de novo com o antigo, o cheiro da madeira das poltronas, tudo isso cria uma atmosfera de reverência à sétima arte (por que tem gente que não gosta desse termo?), um clima propício a degustar um filme estranhíssimo.

3. Um diretor que vale a pena conhecer

Sempre que vou assistir a um filme de um diretor que não conheço, também é um momento relevante. Em geral, é no primeiro contato que a gente decide se vai apreciar ou torcer o nariz para a filmografia da pessoa. A primeira impressão é a que fica. Eu não havia me informado muito sobre Nuri Bilge Ceylan, mas na breve preleção antes da sessão ficamos sabendo que ele é o cara, ou seja, ganhou nada menos que uma Palma de Ouro em Cannes com o filme Sono de inverno. E quando começa Era uma vez na Anatólia, o espectador logo percebe que se trata de um diretor inusitado, com suas ideias bem próprias sobre tomadas, cadência, edição. Em outras palavras, um diretor cuja marca registrada é a falta de pressa em tudo o que ele faz. Um diretor que cita entre as principais influências Ingmar Bergman (http://olharcinefilo.blogspot.com.br/2007/07/colhendo-morangos-silvestres.html), Robert Bresson, Michelangelo Antonioni, Andrei Tarkovsky e Yasujiro Ozu (confira a intertextualidade no post http://olharcinefilo.blogspot.com.br/2012/12/era-uma-vez-em-toquio.html). Um diretor antítese da medíocre ânsia pela vertiginosidade que grassa em nossas telonas ultimamente.

4. Uma história difícil de definir
Na verdade é um daqueles filmes "em tempo real". A câmera acompanha meticulosamente uma comitiva de veículos em sua peregrinação no interior da Turquia para localizar um corpo. A trupe multidisciplinar é formada por policiais, médico-legista, promotor, coveiros, e, é claro, os suspeitos do crime, no caso, dois irmãos. As motivações e as circunstâncias do crime tinham sido apenas sugeridas no prólogo. A partir daí, cada palavra, cada suspiro e cada gesto vão entretecendo um emaranhado de situações, umas prosaicas, outras insólitas. Uma sequência digna de nota é quando todos resolvem fazer uma parada numa aldeia das imediações e acontece um blecaute. A filha do anfitrião, dona de uma beleza hipnotizante, vem oferecer bebida a todos, inclusive aos suspeitos de homicídio. A troca de olhares silenciosos desta perturbadora cena é desses instantes que ficam incrustados na retina do cinéfilo para sempre.

Isoladamente, qualquer um desses fatores já seria suficiente para tornar uma sessão "emblemática". Quando todos esses fatores se unem, então, temos a sessão mais emblemática do ano!


quinta-feira, outubro 01, 2015

Corações de ferro


Baita filme. Pouco mais tenho a acrescentar. O diretor David Ayer conta a história de cinco americanos que tripulam um carro de combate, mais especificamente, o tanque Sherman, em 1945, na Alemanha. O filme tem tudo que um bom filme de guerra necessita, sem desperdiçar tempo com firulas. Algumas das cenas de combate mais bem filmadas dos últimos tempos, entre elas algumas originais, cenas jamais filmadas (pelo menos, até onde vai o meu conhecimento), ou, no mínimo, jamais filmadas com tanto realismo e técnica, como, por exemplo, o trepidante combate entre três tanques Sherman (aliados) contra um Tiger (alemão). Algumas cenas intimistas também, como o inusitado dueto entoado por Emma (Alicia von Rittberg), uma bonita aldeã germânica, e o recruta Machine (Logan Lerman) ao piano.
Afiadíssimo, o elenco é liderado por Brad Pitt, que encarna o sargento Wardaddy, e conta também com Shia LaBeouf (o artilheiro Bible), Michael Peña (Gordo) e Jon Bernthal (Coon-Ass). De um modo singelo, entremeados em grandes sequências de combate, medo, heroísmo, insegurança, bravura, covardia, todos os sentimentos inerentes a uma guerra são expostos em Corações de ferro. Baita filme. Desde O resgate do soldado Ryan não se via um filme de guerra com tanto sangue, tripas e fibras. E a situação em que o tanque Fury é colocado na sequência final é de arrepiar. Os cinco atores se tornaram muito unidos durante o treinamento militar recebido durante a preparação para o filme. Outro cuidado que o diretor teve foi convidar ex-tripulantes do Sherman, senhores lúcidos de seus mais de 90 anos, para contar suas experiências em pessoa para o quinteto principal do elenco. Todo esse apuro é perceptível no resultado final. David Ayer, nascido em 1968, antes de se aventurar na direção já havia realizado bons trabalhos como roteirista, por exemplo, U-571, de Jonathan Mostow, e Dia de treinamento, de Antoine Fuqua. Na direção, assinou Os reis da rua, com Keanu Reeves, até realizar Corações de ferro. Nunca é demais repetir: baita filme!