domingo, julho 28, 2013

Ataque ao prédio


Estreia como diretor do britânico Joe Cornish, habitual colaborador de Edgar Wright (autor do cultuado Todo mundo quase morto). A dupla também é conhecida por assinar o roteiro de As aventuras de Tintim e fazer Hergé se revirar na cova. Neste alternativo Ataque ao prédio, uma gangue de pivetes e uma enfermeira se veem no claustrofóbico cenário de um bloco habitacional, cercados por toscas criaturas alienígenas que misteriosamente perseguem o grupo. Com baixo orçamento, Cornish cria suspense mesclando aventura à Goonies/Gremlins com o típico e irônico humor britânico e conseguindo agradar um público-alvo com o mesmo perfil de Ataque ao prédio: bem-humorado e que não se leva muito a sério. 

Ferrugem e osso

Novo filme de Jacques Audiard, o diretor de De tanto bater, meu coração parou. Ali (Matthias Schoenaerts) mora de favor na casa da irmã, maltrata o filho de cinco anos e trabalha de segurança numa boate. Nas horas vagas, o brutamontes obcecado por lutas ajuda a plantar câmeras para os patrões fiscalizarem o comportamento dos funcionários e transa com qualquer gostosa que der sopa. Numa noite, Ali separa uma briga na casa noturna e se oferece para dirigir o carro da treinadora de orcas Stéphanie (Marion Cotillard), mulher linda, mas aparentemente infeliz, que busca na dança uma válvula de escape. Meses depois, Ali recebe uma ligação de Stéphanie, agora ainda mais soturna e demonstrando ainda mais autocomiseração. Ao acompanhar de modo quase naturalista a incorrigível trajetória de Ali e investigar, com certo distanciamento, a enigmática personalidade da insatisfeita Stéphanie, Ferrugem e osso serve de estudo sobre a incapacidade humana de demonstrar carinho e sobre a capacidade dos amputados para reconstruir a vida.

Turbo









Certas matinês são inesquecíveis para certas famílias. Matinês em que toda a família vai e que ficam marcadas para sempre. Na minha infância, a matinê inesquecível foi a de Super-Homem de Richard Donner no cine Brasília de Carazinho. A fila para entrar dava volta na quadra e, com meus pais e irmãos, guardei na retina as aventuras de Clark Kent (Christopher Reeve). 

 

No século XXI, a sessão inesquecível de um novo núcleo familiar aconteceu no charmoso cine Roxy, no também charmoso bairro de Copacabana. O filme: Turbo 3-D. A família gaúcha se deleitou com a animação da DreamWorks cujo inesperado protagonista é Theo, caracol com o inusitado sonho de participar do mundo do automobilismo, mais exatamente, o da Fórmula Indy. 

Mesmo convivendo com a dura realidade de um canteiro onde todos os dias os caracóis locais sofrem o ataque de pássaros e de um pestinha que adora atropelar caracóis e outros bichinhos com seu triciclo, o inconformado e sonhador Théo treina nas horas vagas para diminuir o seu tempo e ficar mais veloz (ou menos lento). O destino do molusco gastrópode vai se alterar por dois acasos do destino: uma radical experiência sensorial na qual Théo adquire poderes inimagináveis e o contato com um ser humano tão sonhador quanto ele.








   Turbo mostra que com perseverança e bons amigos todos os sonhos podem ser alcançados.

 Falando em matinês...

 


 

sexta-feira, julho 26, 2013

Meu malvado favorito 2

Ótima continuação da lucrativa animação da Universal. As três sapecas filhas adotivas de Gru tentam achar uma companheira para o tímido e soturno papai. In the meantime, o narigudo Gru é recrutado por uma agência de inteligência com o objetivo de identificar um malfeitor que pode ser um entre vários lojistas de um shopping. Destaque para a engraçadíssima e fiel legião de minions que faz de tudo para auxiliar Gru em suas peripécias e espinhosas empreitadas. A dupla de diretores Chris Renaud e Pierre Coffin realiza uma sequência superior ao primeiro filme provocando gargalhadas em todas as faixas etárias e aproveitando ao máximo os recursos do 3-D. Vale mencionar a contribuição divertida da dublagem brasileira, com as vozes de Leandro Hassum (Gru), Maria Clara Gueiros (a agente secreta Lucy Wilde) e Sidney Magal ("El macho").

sábado, julho 13, 2013

Manda-chuva, o filme

Nesta coprodução argentina e mexicana, Manda-Chuva (em inglês, Top Cat, e em castelhano, Don Gato) e sua turma (ou pantilla) enfrentam o vilão Lucas Boapinta, que deseja implantar uma sociedade orwelliana em Nova York, instalando câmeras de vídeo por toda a cidade com o objetivo de controlar e multar os cidadãos. Para isso, a patota composta pelo amável Batatinha (Benny the Ball, Benito B. Bodoque y B), o galã Bacana (Fancy Fancy, Panza), o estiloso Espeto (Spook, Espanto), o descerebrado Gênio (Brain, Demóstenes) e o cor-de-rosa Chu-Chu (Choo Choo, Cucho) vai precisar da inusitada ajuda do Guarda Belo (Officer Dibble, oficial Matute) e da gata Trixie. Longa-metragem que homenageia o clássico desenho animado da Hanna-Barbera que se tornou o segundo grande sucesso do estúdio, após os Flinstones, também conquistando o público kidult. Em sua primeira edição, Manda-Chuva estreou em setembro de 1961 e durou só uma temporada, com trinta episódios. O carisma do protagonista permanece vivo e merecedor da declaração de Bill Hanna no livro Hanna-Barbera Cartoons: Top Cat foi um dos desenhos animados mais sofisticados que já nos arriscamos a fazer. Em tempo: no multifacetado mural da hipnotizante atriz Charlotte Rampling, na exposição no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio, como bem observou meu filho de 5 anos, aparece uma foto do Manda-Chuva.

As aventuras de Tadeo

Autor do premiado curta-metragem Tadeo Jones (2004), que resultou na continuação Tadeo Jones y el sótano maldito (2007), o diretor espanhol Enrique Gato lança seu personagem mundialmente no longa Las aventuras de Tadeo Jones (no Brasil, As aventuras de Tadeo). O maior sonho de Tadeo (operário da construção civil que migrou da Espanha para trabalhar em Chicago) é participar de aventuras arqueológicas. Por acaso do destino, Tadeo acaba indo ao Peru no lugar de um pesquisador. Lá se envolve na empolgante busca da cidade perdida Paititi, em companhia da charmosa Sara e do peruano vendedor ambulante Freddy. Outra personagem interessante é a múmia guardiã da cidade.
A película obteve sucesso comercial em todo o mundo. Liderou por várias semanas a lista de filmes com mais espectadores na Espanha, tornando-se a animação espanhola de maior bilheteria de todos os tempos. Chegou ao top 5 na China e ao top 3 na Coreia. Já está em produção a continuação, a ser lançada em 2015. Enrique Gato comprova a "face humana" da globalização 3D e demonstra que é possível fazer animação de excelente nível, tanto em termos de roteiro quanto de efeitos visuais, fora de Hollywood (embora nitidamente influenciado pela "meca do cinema").

A era do gelo 4

Manny anda preocupado com as atividades da filha Amora, tiete do mancebomute Ethan. No entanto, assuntos mais prementes vão se sobrepor aos tradicionais ciúmes e cuidados paternos em relação às filhas adolescentes. Estamos falando, nada mais, nada menos, da deriva continental, que acaba dividindo o continente único Pangeia e também separando Manny de sua família. O mamute se vê flutuando numa jangada de iceberg junto com o bicho-preguiça Sid (acompanhado de sua irreverente vovó) e o tigre-dentes-de-sabre Diego. Como se não bastassem os problemas decorrentes das colossais mudanças na crosta terrestre, a trupe também vai precisar enfrentar um bizarro grupo de piratas liderados pelo Capitão Entranha e a misteriosa tigresa Shira. Com A era do gelo 4, a gélida franquia completa uma década de entretenimento de boa qualidade e, de quebra, brinca com a evolução geológica do planeta, despertando nas crianças o interesse pela ciência.

domingo, julho 07, 2013

Premonição 5



Típico exemplo de filme “B” que não compromete e agrada o público-alvo. Por filme B entende-se filme sem atores famosos e com orçamento relativamente limitado. Por público-alvo, entende-se um grupo de espectadores específicos com atração mórbida por mortes e acidentes bizarros. Grupo de funcionários administrativos da corporação Presage vai fazer uma viagem de ônibus para uma reciclagem. Nas proximidades de uma ponte pênsil, um caminhão de toras passa pelo ônibus. E não é preciso contar mais detalhes que isto: Premonição 5 é um suspense bem amarrado e dirigido por Steven Quale. Quando em 2000 James Wong, o roteirista do seriado Arquivo X fez sua estreia como diretor de cinema, poucos apostariam que aquele seria praticamente o ‘piloto’ de uma série que se projeta interminável (já se fala na produção de Premonição 6 e 7). Mas exatamente isso que aconteceu, e enquanto os produtores continuarem escalando bons roteiristas e diretores (inclusive o especialista em cenas de ação David Ellis, que assina o 2 e o 4), a franquia Final Destination seguirá oxigenizada. Quer saber? O único motivo para você não curtir Premonição 5 é o preconceito contra continuações.  

Monstros S.A. 3D



Clássico da animação do século XXI, revisitado em 3D. Monstros S.A. recebe tratamento 3D a posteriori, afinal, as crianças estão cada vez mais difíceis de assustar. Por isso, a empresa Monstros S. A. faz treinamentos constantes para que os monstros como Sully, com sua pelagem psicodélica, e Mike, com seu olho ciclópico, continuem captando no mundo humano a energia que abastece o seu mundo: justamente a energia obtida dos gritos de susto das criancinhas que se deparam com monstros que saem dos armários. Inadvertidamente, a menina Boo é trazida pelo portal de acesso e coloca em polvorosa a corporação comandada pelo horripilante Randall Boggs, que fará de tudo para eliminar a ameaça. Só uma coisa pode salvar Boo: a afeição que Sully passa a sentir por ela e a amizade verdadeira entre Sully e Mike.  

O mar não está pra peixe



Animação sul-coreana de 2006 que no Brasil ganhou as vozes de Grazi Massafera (a delicada peixinha cor-de-rosa Cordélia), Felipe Dylon (Pê, o bravo peixinho que perde os pais numa rede de pesca) e Tom Cavalcante (Troy, o temível tubarão-tigre que, com a ajuda de uma barracuda e uma moreia, aterroriza toda a comunidade do recife e disputa Cordélia com Pê). Outra importante personagem da história é Tortuga, espécie de guru que treinará Pê a utilizar a força do oceano para combater Troy. Qualquer semelhança com Karatê Kid não é mera coincidência. O filme ganhou continuação em 3D não lançada no cinema.

Larry Crowne



Tom Hanks tenta se firmar como diretor com o inofensivo Larry Crowne, filme sobre o recomeço de um solitário e divorciado quarentão que, apesar de ser um funcionário exemplar na megaloja em que trabalha como vendedor, é subitamente demitido por não ter diploma universitário. A situação o leva a buscar redenção nos bancos acadêmicos e adivinha quem será sua professora de oratória? Julia Roberts, é claro. O aluno mais velho desperta a curiosidade da professora, e a professora, por sua vez, desperta outros sentimentos no aluno que faz um refresh nas ideias e uma repaginada no visual, conquista novos amigos e, quem sabe, um novo amor. Destaque para a presença da Electric Light Orchestra na trilha, com duas canções: Calling America e Hold on Tight. A letra desta última é emblemática e diz muito sobre a “mensagem” do filme: Hold on tight to your dream (segure-se firme em seu sonho).