sábado, novembro 28, 2009

500 dias com ela


Narrativa não linear de um não romance entre um não casal. Tom é um cara que curte bandas dos 80 como Smiths e Joy Division, e Pixies dos 90. Lê Alain de Botton e Salinger. É arquiteto, mas trabalha como criador de cartões de dia dos namorados. Devido a uma leitura errada do filme A primeira noite de um homem, e ao contato com músicas dos 80, tornou-se um introvertido ultraromântico. Acredita em amor à primeira vista, em destino e coisas assim. Tom conhece Summer (Zooey Deschanel), morena de olhos azuis que vai trabalhar na mesma empresa que ele, e se apaixona. Não exatamente à primeira vista, mas à medida que vai descobrindo que ela gosta das mesmas coisas bizarras que ele. Por exemplo, uma cena em que os dois estão sozinhos no elevador, ele escutando Smiths no fone de ouvidos e ela canta um trecho da música There's a light that never goes out.
É assim, aos pouquinhos, que Tom forma a certeza de que Summer é "the one". Summer, por sua vez, apenas acha Tom um carinha interessante, talvez uma nova conquista. Mas desde o começo deixa bem claro a ele que não quer se apaixonar e sim apenas um relacionamento "casual".
Invertem-se os papéis: a posição masculina de defesa é adotada justamente por Summer, e a posição feminina de morrer de amores é encarnada por Tom. Quando eles têm a primeira noite de amor (para ele) e de sexo (para ela), na manhã seguinte Tom acorda sentindo-se o melhor dos homens, e as pessoas que passam por ele contagiam-se com sua felicidade.
Que, como sói acontecer, is a warm gun...
Este filme de boa bilheteria nos EUA é o segundo trabalho dos roteiristas Scott Neustadter e Michael H. Weber (o outro foi Pantera Cor de Rosa 2) e a estreia do diretor Marc Webb. Vale conferir pelas inúmeras referências, pela trilha sonora e pela (clichê!) química mesmo não estequiométrica da dupla de protagonistas.

quinta-feira, novembro 19, 2009

Código de conduta


Law Abiding Citizen (algo como "cidadão cumpridor das leis")* virou Código de conduta no título brasileiro. Desta vez, o ubíquo e onipresente Gerard Butler encarna Clyde Shelton, que assiste a família (mulher e filha pequena) ser assassinada de modo brutal em plena casa invadida por dois assaltantes. Um deles, ao esfaquear Clyde, fala "you can't fight fate" (é inútil lutar contra o destino). Mas é exatamente isso que Clyde vai fazer durante toda a sua saga de busca de vingança. Que, como costuma acontecer, é um prato que se come frio. 
       O promotor de justiça Nick Rice (o oscarizado Jamie Foxx, em atuação burocrática) faz um acordo com o advogado do assassino mais violento: ele entrega o comparsa (que na verdade foi cúmplice do roubo mas não esfaqueou as vítimas) e ganha uma pena branda (cinco anos).
       Depois dessa breve introdução, logo o filme se transporta para dez anos depois, quando um dos bandidos vai ser executado (enquanto o mais violento já está solto). Não vou contar mais nada do 'plot', basta dizer que Clyde, guardadas as proporções, lembra um pouco o D-Fens de Michael Douglas em Falling Down de Joel Schumacher (Um dia de fúria, 1993). 
      No filme de Schumacher, um cidadão indignado com a mediocridade, a violência e a estupidez das pessoas reage com mediocridade, violência e estupidez. No filme de F. Gary Gray, um cidadão cumpridor das leis resolve desafiar o sistema judiciário, que, segundo ele, está "broken" (falido) (na legenda saiu como 'imperfeito', boa solução tradutória). O clichê de sempre: "o roteiro tem boas sacadas que valem o ingresso; o filme entretém ao mesmo tempo em que provoca certas discussões interessantes." Mas não deixa de ser verdade. Não recomendado para pessoas sensíveis (algumas cenas insinuam situações ultraviolentas).
Filmografia resumida do eficiente F. Gary Gray, que em 2019 assinou o novo filme da franquia Men in Black:
2011 = The Brazilian Job (que acabou sendo cancelado!)
2009 = Law Abiding Citizen (Código de conduta)
2005= Be Cool (O outro nome do jogo)
2003 = A Man Apart (O vingador)
2003 = The Italian Job (Uma saída de mestre)
1998 = The Negotiator (O negociador)
1996 = Set it Off (Até as últimas consequências)
1995 = Friday (Sexta-feira em apuros)
* (To abide é conformar-se, tolerar, suportar, cumprir; a expressão 'law abiding' está adjetivando o 'citizen', então 'law abiding citizen'=~ "cidadão cumpridor das leis")