domingo, junho 15, 2008

O Incrível Hulk

Começo a achar que sou "do contra". Quando "crítica" e "fãs" decepcionaram-se com Hulk (2003), publiquei texto intitulado Hulk, King Kong e o Lobisomem (http://olharcinefilo.weblogger.terra.com.br/200306_olharcinefilo_arquivo.htm)
elogiando o trabalho de Ang Lee. Portanto, se supostamente este O Incrível Hulk (2008) foi feito no intuito de desfazer a impressão do primeiro, no meu caso essa tese não se aplica. O francês Louis Leterrier, o diretor do novo filme (que tem no currículo Cão de Briga - Unleashed, 2005 - e Carga Explosiva 2 - Transporter 2, 2005), prefere um discurso humilde e conciliador. Em entrevista recente ao jornal Folha de São Paulo, comenta sobre as reações ao primeiro Hulk: "É engraçada a reação ao filme de Ang Lee. Os fãs mais radicais odiaram de verdade, mas alguns gostaram por seu valor cinematográfico. Esse foi o desafio, fazer algo suficientemente diferente para agradar aos fãs, mas não irritar quem gostou do filme de Ang. Tentei fazer um complemento à obra dele". O diretor Louis Leterrier alcançou o objetivo: o novo Hulk não desagrada as pessoas que gostaram do primeiro (entre outros, pessoas que admiram o trabalho de Ang Lee como diretor e o trabalho de Jennifer Connelly como atriz). E, ao buscar as raízes da personagem nas HQs e na série televisiva, procura satisfazer e renovar os fãs do anti-herói esverdeado.
Segundo Stan Lee, o criador da personagem, Hulk é um misto da criatura de Victor Frankenstein (concepção de Mary Shelley, no livro Frankenstein, de 1818) e Mr. Hyde, a face monstruosa do Dr. Jekyll (O Médico e o Monstro, 1886, de Louis Robert Stevenson). Fã de aliterações (vide Peter Parker), Stan Lee deu ao cientista nome e sobrenome com a mesma letra: Bruce Banner. Interpretado por Bill Bixby (mais aliterações!) na série televisiva dos anos 70 e por Eric Bana em 2003, agora Banner é vivido por Edward Norton (As Duas Faces de um Crime, 1996; O Clube da Luta, 1999). O papel de Jennifer Connelly, Betty Ross, agora é de Liv Tyler. O general Ross é encarnado por ninguém menos que o oscarizado William Hurt. O ator inglês Tim Roth é o militar Emil Blonsky, que depois se transforma na Abominação. Curiosidade: o fisiculturista Lou Ferrigno, que pintado de verde fazia o Hulk da TV, faz a voz do Hulk 2008, além de uma ponta como o segurança que aceita uma pizza como propina.
O roteiro nos leva ao Rio de Janeiro, na Favela da Rocinha (na verdade as cenas foram filmadas na favela Tavares Bastos, com tomadas aéreas da Rocinha), onde Bruce Banner trabalha numa antiga indústria de bebidas. Aqui, um parênteses nacionalista. É constrangedor o modo que os "brasileiros" do filme falam português. Arrevesado, enrolado e totalmente fora do vernáculo. Segundo o diretor Louis Leterrier explicou-se à Folha, ficaria muito "caro" contratar atores brasileiros para filmar no Canadá (onde a maioria das cenas foi realizada). Daí, nós brasileiros somos obrigados a tolerar este tipo de coisa. Diga-se de passagem, os dois únicos atores genuinamente brasileiros do elenco enriquecem esta fase do filme: a brejeira Débora Nascimento, colega de Banner na fábrica, e o convincente Rickson Gracie, instrutor de artes marciais que ensina Banner a dominar a respiração e a adrenalina. Banner está no Brasil atrás de uma flor que pode servir como antídoto para a sua condição (de se transformar num monstro poderoso e incontrolável quando sente muita raiva, medo ou emoções fortes). Pela Internet, Banner mantém contato e recebe dicas de um misterioso cientista, Mr. Blue (Tim Blake Nelson). Mas o incansável General Ross (Hurt) está no encalço de Banner, a fim de transformá-lo numa cobaia-modelo para um super-soldado. Para a missão de capturá-lo no Brasil, contrata o veterano Emil Blonsky (Roth, não o Celso). Quando a missão gringa chega ao Brasil atrás de Banner, começa a ação, a perseguição - e os crimes contra a geografia. Não é à toa que o povo americano não entende patavinas de geografia. Hulk foge do Rio e Banner acorda na Guatemala! Tudo bem que ele se locomove com pulos quilométricos, mas não precisavam exagerar tanto. Podia ter feito uma paradinha na Venezuela, ou até mesmo no Panamá. Da Guatemala ao México e do México aos Estados Unidos, Banner vai atrás dos dados que podem lhe ajudar a alcançar a cura. Leterrier capricha na agilidade da câmera, mas seu O Incrível Hulk perde para o Hulk de Ang Lee.

Um comentário:

  1. Ique, eu nem sabia que vc tinha um blog. Pelo visto, blog é coisa de família. Aqui é a Rebecca, amiga mineira da Ana. Lembra?
    Ana me mandou uma foto do Felix... Vc e Andréia estão de parabéns! Que menino mais lindo e gostoso... Dá vontade de dar uma mordida nele... Nhac!
    Abs!

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