segunda-feira, dezembro 03, 2007

Diretores e compositores

Parcerias duradouras entre imagem e música eternizaram muitos filmes. Alma gêmea do diretor, o compositor capta toda a carga emotiva da imagem e a traduz em som incidental, em ritmo insistente, em divina melodia.

As psicoses, o instinto assassino e as neuroses do cérebro humano. A curiosidade, o suspense, a vontade de ficar sabendo. O medo, o arrepio, o susto pulando da tela. A aventura, a espionagem, toda enrascada em que alguém pode se meter. Os cenários, os trens, as estátuas, todas perseguições pelas encruzilhadas do mundo. O toque refinado, o humor negro e sutil. Todas facadas, todos tiros, todos crimes. Tudo está em Hitchcock e Hermann.

Os intermináveis segundos antes do duelo. O forasteiro que vem ajudar os oprimidos. O cenário desértico, a barba por fazer, a rapidez no gatilho. Um pistoleiro de aluguel com escrúpulos. Um spaghetti cujo molho é o sangue de malfeitores. Os faroestes clássicos de Leone e Morricone.

As perversões da alma desnudas. Um mergulho ao subconsciente, às entranhas das dúvidas e das aspirações mais íntimas do ego. Personagens patéticos e dementes contracenam com gente normal e comum. Situações nonsense ou simples cenas de amor. O sadomasoquismo, a rebeldia, a loucura. As imagens nervosas de Lynch embaladas ao som celestial de Badalamenti.

O rompimento, a crítica, o homem em face a uma situação extrema. Um visionário numa ilha. Um repórter numa revolução. Um menino testemunha um crime. Um estudante sobe na mesa para homenagear o professor. A simbiose de "Oh, captains, my captains" Peter Weir e Maurice Jarre.

A obsessão, a luxúria, a arquitetura. O canibalismo, a tatuagem, a plasticidade. Uma profundeza irreal, uma falsa superficialidade. Um Shakespeare, um artesão de parque. Um menino cantando com voz de anjo. A viagem onírica de Greenaway e Nyman.

O sofrimento de criaturas inacabadas. A agonia de pessoas alijadas. Lendas e heróis, contos e vilões, estórias de fantasmas e seres imaginários. Cabelos que nos tapam os olhos, uma tesoura que nos faz ver. A fantasia mágica de Burton e Elfman.

Uma escada espiral descendo para o subterrâneo do coração. Um lugar onde o sol não pega, onde o inverno sempre impera. Quatro personagens com sonhos de paz e felicidade. Quatro caminhos que se separam e levam a um só fim: a degradação, a dependência, o escapismo, o vício. Futuros promissores que se despedaçam. Vidas aniquiladas, sonhos amputados. A catarse de Aronofsky e Mansell.

O cinema não seria o mesmo sem esses casamentos perfeitos.

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