quinta-feira, agosto 16, 2007

A vida secreta das palavras

A deficiente auditiva Hanna (Sarah Polley) é aconselhada pelo chefe da indústria a tirar férias. Nada a ver com a qualidade do seu trabalho: ela nunca falta e é super eficiente. Quanto à audição, o aparelho que usa a permite escutar. O verdadeiro problema é que Hanna nunca tirou férias e o sindicato pode reclamar.
Assim, a introvertida Hanna entra em férias um pouco a contragosto. Vai para a Irlanda do Norte, onde, num bar, escuta a conversa de um cara sentado à mesa ao lado. Ao que parece, estão procurando uma enfermeira para cuidar de um homem que sofreu queimaduras numa plataforma de petróleo instalado no Mar da Irlanda. Hanna, talvez por não conseguir ficar sem trabalhar, ou talvez por ser altruísta, ou ambas as alternativas, prontamente se oferece à missão. Essa personagem impulsiva e enigmática é o centro do filme da espanhola Isabel Coixet, uma produção de Pedro Almodóvar.


Na distante plataforma, Hanna chega de helicóptero, passa a cuidar de Josef (Tim Robbins) e a conhecer os poucos habitantes do local, que está com o mínimo de pessoal, depois do acidente que provocou uma morte: o cozinheiro, o faxineiro, o coordenador, um pesquisador e poucos funcionários. Mas o filme é mesmo sobre Hanna e Josef, o modo com que os dois vão se conhecendo, ele muito curioso sobre ela (devido aos ferimentos, está temporariamente privado da visão), ela muito reticente em dar qualquer espécie de informação sobre si. À medida que o tempo passa, a confiança entre os dois aumenta, culminando com revelações pungentes sobre o passado de ambos, que ajudam a entender o modo de ser e agir de cada um. Neste ápice bem nítido - uma seqüência na qual toda a verossimilhança da obra poderia ser colocada em risco - Polley e Robbins não decepcionam e, sob a mão segura de Coixet, entregam uma cena intensa, que contribui para compreender A vida secreta das palavras.

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